quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Levadas do Rabaçal

 

Saída de Campo / Visita de Estudo

30 de Outubro de 2010

O Paúl da Serra, único planalto de certa extensão existente na Madeira, provém de várias emissões eruptivas que preencheram uma antiga cratera vulcânica. Medindo cinco quilómetros e meio de comprimento na direcção Oeste-Leste e pouco mais de três quilómetros na sua maior largura, atinge uma área aproximada de 20 Km2.

Iniciamos o percurso de 15 km junto da tabuleta que indica “Lajeado”, na estrada que atravessa o Paúl da Serra, aos 1400 metros de altitude. Aos nossos pés, nas origens da cabeceira da ribeira da Janela, encontramos a levada Velha do Lajeado, também designada por levada do Pico da Urze, talhada em tufos vulcânicos, por entre urzes, uveiras da serra e musgos. Estende-se desde o leito da ribeira do Lajeado até ao da ribeira do Alecrim.

A um nível inferior, aos 1300 metros, nasce a levada Nova do Lajeado ou do Alecrim que vai alimentar a câmara de carga da central hidroeléctrica da Calheta. Uma pequena vereda liga as duas levadas. Ao atingirmos a segunda levada, dirigimo-nos para a sua madre de água, onde a ribeira do Lajeado nos oferece uma espécie de cachoeira, designada por alguns de “lagoa da D. Beija”. Após breve descanso, neste pequeno paraíso, retrocedemos na levada ladeada por perados, adernos, loureios, folhados e uveira para aos poucos atravessarmos uma mata caracterizada por uzes e ao fim de três quilómetros atingirmos o caminho que nos levará à casa do Rabaçal, situada 1,5km mais abaixo.

A cerca de 850 metros da casa do Rabaçal, na levada do Risco, aos 1030 metros de altitude, fica a cascata do Risco que se despenha de uma altura de cem metros numa pequena lagoa no fundo do leito da ribeira Grande. Regressamos depois até à bifurcação para as Vinte e Cinco Fontes e descemos por degraus de pedra até chegarmos à levada aos 960 metros de altitude. Esta também designada Levada nova do Rabaçal. Daqui até à madre de água são 2,5 Km. Depois de passarmos a ponte sobre a ribeira Grande, acompanhamos o canal da levada que fica à altura da nossa cintura. Os tentilhões e os bis-bis dão ao ambiente uma especial singularidade.

As Vinte e Cinco Fontes, assim chamadas, por lá brotar talvez no passado esse número de nascentes, são as águas provenientes do Paúl e do Fanal que ao atravessarem as camadas de lavas basálticas fissuradas, encontram assentadas de tufos vulcânicos impermeáveis que as obrigam a nascer.

De regresso, podemos avistar, a nível mais baixo, aos 850 metros, a levada da Rocha Vermelha que também leva água para a central da Calheta. Ao chegarmos à ribeira do Alecrim, mesmo por baixo da casa do Rabaçal atravessamos um túnel muito alto e largo com 800 metros de comprimento, construído no Séc. XIX, que permitia às pessoas mais abastadas passarem por ele a cavalo ou em rede quando vinham de férias, no Verão, ao Rabaçal.

Ao avistarmos os lombos da Calheta, já na vertente sul da ilha, uma estrada em terra batida, envolvida por uma mata de infestantes (eucaliptos e acácias), leva-nos até ao caminho empedrado que percorre o Lombo do Salão.

Clube de Ecologia Barbusano

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